sábado, 20 de setembro de 2008

postagem 29 de abril de 2007

futuro do jovem no "brasil"

Bilinha, Barão, Sandro, Anderson, Beatriz estes são alguns jovens vítimas do descaso da sociedade brasileira com a infância e adolescência. Personagens reais, com uma trajetória de vida em comum, pobres, marginalizados, vivendo pelas ruas das grandes cidades, sob tutela de si mesmo, sem pai ou mãe. Pedindo esmola, comida e que estigmatizados tiveram como único ponto de apoio a droga, grande salvadora com o poder de possibilitar alguns momentos no paraíso onde a miséria e o abandono não existem.
Estes sete jovens são apenas uma amostra do perfil de outros milhares que de vítimas passam a ser os grandes responsáveis pela violência. Bilinha, Barão, Beatriz e Sandro, não estão mais aqui, sobreviventes da chacina da Candelária, não conseguiram salvar-se de seus destinos. Anderson, viveu 10 anos em um abrigo, após perder seu avô perdeu o controle de sua vida também e morreu com cinco tiros ao assaltar um supermercado. Cinco jovens com o mesmo fim a morte, e se não tivessem mortos, estariam presos.
Outros Anderson, continuam nas ruas, privados de liberdade ou envolvidos no crime e agora é por estes que devemos lutar, lutar não no sentido de isentá-los da transgressão ou livrá-los do cumprimento de medidas sócio-educativas pelos atos cometidos, mas sim lutar para garantir políticas sociais eficientes e que sejam suficientemente estruturadas para competir com o crime organizado e resgatar nossos jovens desse poder paralelo.
Porém sem considerar a trajetória destes jovens e entender que foi o descaso social que os levou a tragédia, a sociedade continua levantando a bandeira da redução da maioridade penal, acusando o Estato da Criança e Adolescente pelo aumento do envolvimento de jovens no crime, sem analisar a violência estrutural a que eles são submetidos (miséria, desemprego, falta de apoio às famílias).
A as medidas repressivas e punitivas mostram-se ineficazes, mas continuamos querendo respostas imediatas a problemáticas históricas.
- Punição já! Gritam os conservadores. Engano! não é a redução ou a construção de novas unidades de internamento que trarão a paz tão desejada. Enquanto o debate explode, as pessoas estão dentro de suas casas, cercadas por inteligentes sistemas de proteção, como se não fizessem parte do caos, vivendo com o falso sentimento de segurança. Isentam-se do mundo e essa contradição os limita a fazer uma análise parcial dos fatos, na qual a única solução apresentada é o encarceramento do jovem “quanto mais cedo melhor”
Esse sensacionalismo barato e irracional parece estar ganhando a guerra mas não será uma batalha fácil, o debate ainda não finalizou. Assim como existiu Bilinha, Barão, Sandro, Beatriz e Anderson que não tiveram a oportunidade de viver, existe Adilson, Tato, Paulo, Esmeralda, vítimas do descaso social que bravamente vencem as barreiras, saindo das ruas, das drogas e do status de “menor abandonado” e tornam-se protagonistas de sua história. Qual a diferença destes jovens? Foram acolhidos num contexto que possibilitou sua reconstrução como sujeitos, merecedores de respeito e atenção não pela sua condição de vulnerabilidade ou pobreza mas pela sua condição de Ser Humano e hoje bravamente constrõem seu caminho. Essas vidas foram despertadas para o lazer, a cultura, o esporte, e também para educação diferente de outras que, infelizmente, foram despertadas pela criminalidade. Acreditar que a juventude pobre é o algoz da sociedade, e que seu lugar é no lixo das instituições carcerárias, apenas contribui para que ele assuma o papel de criminoso que lhe está sendo atribuído. É necessário reverter essa situação, o comportamento violento e a participação da juventude em ações criminosas não se enfrentará somente com intervenção policial ou ações educacionais mas também com a difusão de uma cultura da paz através de uma linguagem jovem que promova interlocução com o imaginário da juventude.
Sami

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