sábado, 7 de março de 2009

Estuprar pode? o que não pode é a vítima abortar!

Nessa semana um assunto tem esquentado muitas rodas de conversa, sejam virtuais ou não. O caso da menina pernambucana que violentada pelo padrasto ficou grávida de gêmeos, mas a tragédia toma uma proporção maior quando o Bispo de Recife e Olinda se coloca contra o aborta, excomungando a mãe e os médicos que realizaram o procedimento e pior fica quando vem a TV novamente dizer que o aborto e um crime mais grave que o estupro. Ainda bem que vivemos num Estado laico, e há muito tempo a igreja deixou de ter grande influência nas decisões políticas, como na época da inquisição. Para nossa sorte, hoje a justiça do homem anda acima da justiça de Deus. Lembro que nessa discussão Ele não tem nada a ver com tudo isso, porque as idéias propagadas foram criadas e interpretadas pelo próprio homem, esse que se diz cristão e o escolhido" para propagar a palavra. Acredito em Deus ou em alguma força superior que em vários momentos nos trás um certo conforto e fé, e por isso não acredito que esse mesmo Deus é o que castigará uma criança que foi violentada justamente por aquele que a deveria proteger.
Então como é possível digerir essa afirmação feita pelo Sr, Bispo, de que o aborto feito em uma menina de 9 anos grávidas de gêmos é um pecado mais grave do que o seu estupro? Mais uma vez a igreja mostra sua visão retrógrada, inquestionável por milhares e milhares de fiéis que seguem sua cartilha.
Sou a favor do procedimento realizado na criança e toda essa história fez com que uma coisa martelasse aki no meu juízo"
tá na hora do Brasil começar a discutir a legalização do aborto. Não podemos fechar os olhos sabendo que milhares de mulheres realizam clandestinamente, as que podem pagar procuram clínicas, as que não conseguem realizam procedimentos absurdos que a levam a morte. Querendo ou não é um assunto de saúde pública. Por enquanto a lei permite apenas em caso de estupro, e recrimina os que são por decisão da mulher. Pessoalmente, no caso de uma gravidez indesejada, eu jamais faria um aborto, mas também penso que a mulher é a dona do seu corpo e ela tem o direito de decidir. Considerando também que abortar não é simplesmente um método contraceptivo ele realmente acarreta uma pressão psicológica na mulher. 
Precisamos deixar nossas hipocrisias e a emoção, e refletir com a razão, aborto no Brasil é feito sim, mas continuamos vendando nossos olhos para isso.