sábado, 20 de setembro de 2008

Declaração de amor à uma grande Amor!

Dona Djanira, tem 79 anos, mãe de oito filhos, vó de aproximadamente trinta netos, inclusive desta que aqui escreve, com um pouco mais de 1.50m de altura e corpo franzino é a força da família. Pessoa de respeito á muitos anos segue sua rotina passa a tarde bordando, assistindo TV, cuidando das plantas e saindo de mansinho para ir ao mercado sozinha, o que nos deixa muito preocupados mas é uma figura incrível. Essa senhora miúda, de óculos me faz lembrar muitas coisas que vivi com ela, e olha foram muitas. Seu temperamento enérgico e um humor contido me possiblitaram vivenciar situações engraçadas, interessantes, ou estressantes. Quando eu era pequena, minha rotina diária era chegar à sua casa as 10 horas da manhã querendo almoço e todos os dias ela falava a mesma coisa:
“- Não é hora de almoço” e eu saia resmungando dizendo que não apareceria por lá nunca mais,e assim foi até o dia que mudei com os meus pais e não fui mais mesmo, pelo menos durante a semana..
Por um tempo ela cuidou de mim, enquanto minha mãe trabalhava, diz ela que eu era chorona e que para dormir ela deitava comigo e segurava meu olhos, fico imaginando a cena.
Ainda sinto o cheiro e o gosto das comidas feitas por ela, dos bolinhos fritos de fubá, ou do biscoito de polvilho que ela fazia no domingo de tarde, da sopa batida no liquidificador que só ela fazia, e principalmente da mais sublime combinação - arroz com feijão que sempre foram meus preferidos.
Uma das coisas que eu mais gosto é ouvir as estórias dela, em especial aquela em que ela desafia seu pai para casar com meu avô que seria pai de seus oito filhos, acreditem oito filhos, porém o desafio não parou por aí, ao 33 anos ela ficou viúva, mas como guerreiras não enfraquecem, com força e fé ela seguiu em frente. Até hoje vejo o brilho nos olhos e o amor que ela tem quando fala do meu avô, sobre sua simpatia e beleza. Bravamente ela mantém fiel ao seu amor, e guarda no seu coração as aventuras e a linda estória que viveu com ele enquanto lhe foi permitido. Com o passar dos anos, muitas dobras ela deu na solidão para que o amanhã chegasse sem ele e suportou sua ausência que se tornou cada dia mais presente. É esse amor que mais admiro. Tenho colhido frutos com essa convivência, sua sabedoria, sua força e sua dinâmica me contagiam. Hoje com o saltinho do seu sapato um pouco gasto, ela vive tranqüila e rodeada de afeto pelos filhos. A minha vó declaro meu amor e meu respeito.

Um comentário:

Elsa disse...

Sami, esse é um texto maravilhoso!!!
Há pessoas que nos tocam fundo pelo exemplo de vida e por nos mostrarem o que significa na realidade a felicidade e é tão simples afinal...
Grande vó que voçê tem!!!

Beijinhos
Elsa