segunda-feira, 29 de junho de 2009

Jean Charles - O filme


Sábado fui assisitir ao filme Jean Charles, com Selton Mello brilhante como sempre no papel principal. Vocês devem lembrar da história, o longa relata a história do brasileiro assassinado pela polícia inglesa ao ser confundido com um terrorista. Gostei demais do filme, e saí com um nó na garganta depois de ver a luta e o sofrimento de quem é imigrante e sai em busca de uma vida melhor em outro país. Vida melhor não seria o termo apropriado pois os brasileiros que vivem ilegalmente trabalham em subempregos, e com a idéia de juntar dinheiro para voltar ao Brasil mas pagam um preço caro, sem condições de absorver a cultura do país se refugiam em comunidades brasileiras e o único objetivo é enviar dinheiro para família.

O filme mexeu comigo porque também passei por essa situação de imigração, no meu caso eu e meu marido estávamos legalmente, ele com bom trabalho e remuneração mas o sentimento de ser um estranho no ninho é muito maior que qualquer outra condição. Em Jean Charles é o contrário, as pessoas precisam trabalhar, trabalhar e trabalhar e sobreviver como imigrantes ilegais.

O personagem além de trabalhar como eletricista ainda fazia "rolos" para juntar dinheiro, a simpatia, a vontade de crescer e ajudar as pessoas nos faz ter uma empatia pelo garoto caipira de Gonzaga - MG, que morou em São Paulo e resolveu tomar um rumo maior indo viver em Londres. O filme é fantástico porque os roteiros baseados na vida real são sempre interessantes pois se aproximam da nossa realidade, os personagens também seguem essa linha, afinal além da prima de Jean Charles outros amigos que conviveram com ele participaram do filme.

Assistir a esse filme me leva a pensar que as vezes nossa ilusão nos leva ao fim e custa caro porque enfrentar um cotidiano duro em outro país não é para qualquer um. Temos que fantasiar, e depositar todas nossas moedas para seguir o sonho de que morar no exterior é melhorar de vida, nem sempre é. Jean Charles morreu sendo confundido com um terrorista, e depois de uma sucessão de erros e contradições da polícia nada foi feito, os envolvidos foram absolvidos a única coisa que restou foi o memorial feito em homenagem a JC próximo a estação de metrô. Saí do cinema engasgada, emocionada e me perguntando por que não podemos viver dignamente com boa remuneração como garçon, eletricista, pintor, babá, etc no nosso próprio país? Até agora não consegui responder essa pergunta.


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